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Crônica: Liderança e as Pazes com o Rosa

Se você pudesse escolher um momento da história para nascer e não soubesse de antemão quem você seria – não soubesse se iria nascer em uma família rica ou em uma família pobre, em qual país, se seria homem ou mulher, negro ou branco – se tivesse que escolher cegamente o momento em que gostaria de nascer, você escolheria o agora. E foi com essa frase do Obama, que encontrei num livro que me dei conta que estamos no melhor tempo não só para estar vivos mas para sermos líderes. E gosto de pensar que isso envolve três frentes: a de mim mesma, a dos outros e a de dentro de organizações. Nenhuma existe sem a outra.


Gosto de imaginar todas as mulheres que lutaram para que estivéssemos aqui. Ninguém duvida que referências são importantes, até porque somente podemos sonhar com aquilo que conhecemos. A grande maioria dessas heroínas são anônimas e poucas terão os nomes descobertos. E isso me leva a pensar que nós somos porque elas foram. A coletivo feminino sempre assustou (e ainda assusta, das bruxas evoluímos para o estereótipo da feminista destruidora da família, irresponsável com a criação dos filhos e causa da ruína moral social?) e o motivo é nobre: força. Mulheres unidas são capazes de fazer coisas incríveis. 

 

Estar em uma posição de destaque e ser mulher é ser julgada. Brene Brown diz que  coragem começa com aparecer e nos deixar ser vistas. E o motivo disso envolver coragem é que há um peso e uma medida que os colegas homens não compreendem.

As mulheres são punidas pela aparência que tem, enquanto os homens podem ir longe só com um terno de lã cinza.”Naomi Wolf

Vejo isso refletido em comentários de rede social, mas algumas frases de mulheres no poder resumem bem isso: 


“Se meus críticos me vissem andando sobre as águas do rio Tâmisa, diriam que é porque eu não sei nadar.” – Margaret Thatcher

 

E dizer que o posicionamento político é resultado do excesso de críticas e não a condição de ser mulher cai por terra com uma pesquisa no exemplo vivo que é a deputada Tábata Amaral, basta analisar os colegas de partido que compartilham a mesma ideologia e  não são alvo de ódio e ameaças de mesma intensidade.

 Autor(a) desconhecido

Como nerd assumida te trago um pouco de cientifiquês: em uma pesquisa realizada pelo psicólogo e professor da Universidade da Califórnia, Campbell Leaper, um experimento com meninos e meninas foi feito da seguinte maneira: distribuíram copos de limonada, alguns de gosto intragável (substituindo açúcar por sal, por exemplo). A constatação foi que a maioria esmagadora dos meninos expressavam na mesma hora: “Eca! que gosto horrível”. E a outra maioria composta pelas meninas, por outro lado, bebeu tudo mesmo com dificuldade. Somente em um momento posterior, após os pesquisadores insistirem na pergunta é que admitiram que estava horrível, acompanhado por frases como “não queria desapontar vocês”.

 

Eu poderia me delongar expondo os inúmeros dados de como mulheres em posições de liderança transformam organizações e comunidades (há inclusive pesquisas da ONU que envolvem resolução de conflito e a relação da participação feminina como geradora de sucesso) mas meu ponto aqui não é reforçar o estereótipo do feminino delicado, materno e atento. Essas características são adquiridas, pois ao viver e crescer como cidadãs de segunda classe (o nome é feio, mas é esse mesmo) vemos o mundo como somos. Essa sensibilidade e olhar de cuidado vem do que sempre nos foi exigido e a luta não é por deixar isso para trás, mas trazer equilíbrio e partilhamento. Vou provar meu ponto:

 

Em um mundo que nos ensina a silenciar, a não aumentar a voz, a não ser emotivas e que relaciona o feminino à futilidade ou a coisas ruins (uma mulher de terno é elogiada, um homem com algum elemento feminino, imagine aqui um batom ou saia, corre o risco de apanhar na rua ou em casa), exaltar aquilo que é julgado e rejeitado é celebrar que somos maiores que esses símbolos.

Por anos criei uma aura dura, uma casca, uma masculinização da minha imagem e das minhas atitudes, eu achava que isso fazia com que os outros me enxergassem e ouvissem. Hoje vejo que celebrar nossa vulnerabilidade, sensibilidade e escuta ativa é o caminho para uma liderança mais humana e transformadora

@itdathayde

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